sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Os 500 Milhões da Begum (1878, 1879)


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Sinopse:

A grande fortuna que a Begum deixa gera enorme interesse público porque não são conhecidos os seus herdeiros; quando estes surgem, um francês, Sarrasin, e um alemão, Schultz, o interesse foca-se no que irão os herdeiros da Begum fazer a tão colossal herança. As duas mentalidades - a francesa e a alemã - estarão marcadamente presentes na diferente forma como o dinheiro é empregue: o herdeiro francês abdicará da sua fortuna para a construção de uma cidade modelo para os mais desfavorecidos da sorte. É um hino ao desenvolvimento cartesiano, à felicidade racional e desprovida de fantasia. O herdeiro alemão comprará um terreno nos Estados Unidos da América, para aí estabelecer uma "cidade de aço" desumanizada, para a produção de canhões e munições. Está desenhado o choque entre o espírito pacifista e o espírito bélico. O alemão construirá um canhão gigantesco cujo projéctil está destinado a alcançar um alvo enorme - a cidade modelo do co-herdeiro. A narrativa um pouco maniqueísta mostra-se, em certo sentido, premonitórias das guerras mundiais do século XX.

2 comentários:

Luis disse...

Aí está Verne de novo no seu melhor estilo, após uma obra menos conseguida, “Atribulações de um chinês na China”, em relação áquilo a que ele nos habituou, isto é, fazendo-nos prisioneiros das suas palavras, e conseguindo criar um ambiente de espectativa do princípio ao fim da sua obra, chegando mesmo, neste caso, a deixar-nos ficar sem ar quando, durante a aventura, isto é o que acontece a um dos seus personagens.

Esta obra pode bem ser o reflexo da sociedade europeia da segunda metade do século XIX. Uma Alemanha querendo dominar acima de tudo e de todos, com a intenção de eliminar a raça latina em detrimento da ariana. Aliás, pesquisando um pouco, conseguimos identificar que a história de Verne se passa exactamente na época da Guerra Franco-Prussiana ou Guerra Franco-Germânica(19 de Julho de 1870—10 de Maio de 1871) e que foi um conflito ocorrido entre a França e a Prússia no final do século XIX. Durante o conflito, a Prússia recebeu apoio da Confereração da Alemanha do Norte, da qual fazia parte, e dos estados do Baden, Württemberg e Bavária. A vitória incontestável dos alemães marcou o último capítulo da unificação alemã sob o comando de Guilherme I da Prússia. Também marcou a queda de Napoleão III e do sistema monárquico na França, com o fim do Segundo Império e sua substituição pela Terceira República Francesa. Também como resultado da guerra ocorreu a anexação da maior parte do território da Alsácia-Lorena pela Prússia, território que ficou em união com a Alemanha até o fim da Primeira Guerra Mundial.(Fonte: Wikipédia)

Ora nada melhor que um francês e um alemão serem os herdeiros de uma valente fortuna de uma Begun (princesa) indiana para criar o cenário ideal que pudesse reflectir a sociedade na altura.

Um francês, o Dr. Sarrasin, resolveu criar uma cidade utópica, e um alemão, Herr Schultze, resolve criar uma super arma para destruir a super cidade.
Interessante aventura em que Verne nos dá vislumbres do visionário que foi, ao revelar pormenores de como deveria uma cidade ideal ser construída, e segundo que regras se deviam dirigir os seus cidadãos.

Mantendo-se fiel ao seu estilo, Verne cria também nesta obra um personagem (dois em um) dotado de inteligência acima da média e que ao mesmo é um fiel vassalo do Dr. Sarrasin, completando assim duas das principais características dos seus personagens num só, e que passa pelas mais fantásticas aventuras para salvar a cidade do seu protector, o Dr. Sarrasin. Fica só mesmo a faltar um negro.

Para não destoar, também termina com um excelente final do qual me apraz referir uma bonita referência:

O moço alsaciano estava pálido como um defunto.
Não será este o aspecto que toma a felicidade quando entra nas almas fortes sem dizer... cautela?...

Saulo Vicente Rocha disse...

Os 500 milhões da Begun

Grande parte das invenções e avanços da engenharia são descritos quase de maneira premonitiva por Julio Verne (creio que não eram premonições, mas fruto de estudos de muitas teorias da época). Grande parte das visualizações de futuro estão relacionados a inventos principalmente da área da mecânica e eletricidade.Como profissional de engenharia sanitária, foi uma grande surpresa encontrar as visualizações de futuro de engenharia sanitária e saúde pública. Neste sentido destaco sistema de coleta e tratamento de esgotos, programa de atendimento de saúde familiar (parecido do que e o Programa Saúde da Família, trabalhos da Pastoral da Criança,...)