quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Crítica - Viagem ao Centro... de um filme

A ideia central dos produtores do filme inspirado no livro "Viagem ao Centro da Terra", de Verne, era que ele fosse divertido, diferente, que marcasse posição como o primeiro feito em 3D com actores vivos (curioso colocar pela primeira vez este recurso num filme inspirado em Verne, um escritor cujos romances são fascinantes pela descoberta de novos mundos).



E a verdade é que o filme consegue isso: todo o mundo que assistiu achou engraçado, movimentado, recomendável aos amigos, enfim, bom de ser visto. É o que eu chamo "filme-pipoca": é aquele que se assiste com alegria, divertindo-se muito... mas que logo depois o esquecemos. Ou seja, naquilo que ele se propõe, alcança plenamente o objectivo e deve fazer uma bela carreira nas bilheterias de cinema de todo o mundo. Ainda mais quando se tratar de uma versão em 3D (que eu ainda não vi).

Quanto a relação do filme com Verne, o autor, achei respeitosa e até certo ponto, reverente. Só não gostei de ouvir o termo "verniano" aplicado a "seguidores" de uma "seita" que "acredita que tudo o que Verne escreveu em seus livros era a pura verdade"... o professor de geologia do filme acredita que Lidenbrock existiu realmente, fez a viagem de verdade e contou sua história para Verne escrevê-la.

Se pensar que o filme conta a história de um professor de geologia, que desce o Sneffels com o seu sobrinho (que eventualmente se perde, no meio do percurso) e um(a) guia islandês(a) - que salva a pele deles várias vezes - e lá em baixo encontra o Mar de Lidenbrock, cogumelos gigantes, animais que se pensavam extintos, etc... e que no final da aventura saem por um imenso túnel vertical cuja ponta externa é um vulcão italiano (no caso, o Vesúvio, em vez do Stromboli), para além de outras semelhanças, parece que a história original foi até respeitada... mas são só "pontos de contacto" ou citações.

Mas podia também ser BEM pior, como já vimos em outras adaptações cinematográficas dessa mesma obra: por exemplo, achar uma "civilização perdida" lá em baixo, com direito a rei, rainha, súbditos, pirâmides etc... ou descer até lá numa gigantesca broca tripulada... na verdade, as situações mostradas no filme são tão parecidas com as descritas no livro que o personagem do sobrinho, quando se vê numa situação difícil, procurando por uma solução, no auge do desespero, exclama:

- Como eu queria ter lido aquele livro !!!!

Isso é o melhor do filme: ele faz uma incrível propaganda do livro de Verne e acho que vai fazer muita gente procurar por ele nas livrarias.

Resumindo: não é fiel ao original, mas o filme também não pode ser acusado de desrespeitoso ou totalmente delirante e alheio a Verne.
Mas ainda vamos esperar um pouco mais de tempo para ver "aquela" adaptação de um livro do velho mestre.

Fotos do filme.


4 comentários:

Anónimo disse...

é uma pena de facto que tão poucos tenham feito justiça ao autor. mas teremos sempre os livros.

outro dia encontrei num alfarrebista em lisboa (trindade) uma série de livros de verne com uma encadernação lindissima, bastante antigos e a preços bem acessiveis. escusado sera dizer que gastei mais do que devia, ate porque o j. verne ainda publicou alguns livros :)

abraço para os bloggers!

Paulo disse...

Olá!
Fui um dos felizes contemplados com um convite para a ante-estreia deste filme no El Corte Ingles, facto que aproveito uma vez mais para agradecer ao JVernePT.
Gostei bastante do filme. Trata-se de um eficaz entretenimento que, sem ser genial, cumpre o seu objectivo: ser diferente e divertido. Neste aspecto concordo totalmente com a tua classificação de "filme-pipoca". Vamos esquece-lo rapidamente, mas não deixou por isso de nos divertir ontem à noite (houve até momentos hilariantes!)
Vou-te mandar um email, pois tenho uma questão a colocar sobre este passatempo.
Obrigado.

Paulo

Anónimo disse...

caro fred, amanha blog vip da semana ;)
amanha dou os links p visualizar.
grande abraço

Anónimo disse...

ups...fala o 1001blogs