domingo, 16 de maio de 2010

Ficção e Realidade, por José Diogo Quintela



"Na Viagem ao Centro da Terra, escrita em 1864, Júlio Verne relata uma expedição em que três exploradores, entrando por um vulcão islandês adentro, dão por si num mundo perdido, povoado por animais extintos e simiescos antepassados do homem. Uma espécie de regresso ao passado, portanto. Os dotes premonitórios de Verne são, de facto, estupendos. Quem diria que, mais de 150 anos depois da Viagem ao Centro da Terra, outro vulcão islandês nos iria enviar de volta ao passado. É o problema da boa ficção científica: passado algum tempo, deixa de ser ficção. (Não é só a Viagem ao Centro da Terra que bate certo. Ao mesmo tempo, por causa da atrapalhação no tráfego aéreo, nunca o A Volta ao Mundo em 80 Dias fez tanto sentido. É o tempo que alguém demoraria se tivesse escolhido aquela semana para dar uma volta ao mundo.)"

José Diogo Quintela, humorista português

(in Pública, 3 de Maio de 2010)

1 comentário:

André Coroado disse...

Haha! Muito engraçado. Adorei sobretudo a parte final, quando ele diz que qualquer pessoa precisaria de 80 dias para dar a volta ao mundo se escolhesse a semana das cinzas vulcânicas.

Só uma pequena questão: assim, 7 dias decorridos desde o início da empresa, o viajante encontraria circunstâncias mais favoráveis ao seu projecto, acabando por demorar menos tempo do que Philleas Fogg!

De qualquer forma, isto é apenas uma aspecto insignificante sem qualquer relevância para o assunto. Adorei a parábola, que constitui mais uma homenagem a Júlio Verne.

Obrigado pela divulgação, Frederico!