quarta-feira, 9 de março de 2011

Atento à vida de Júlio Verne (125 anos)

Eram 17h, Verne voltada tranquilamente para casa quando, surpreendido, ouve dois disparos contra si. Felizmente, só um o atinge, no seu pé esquerdo, não tirando a sua vida mas deixando-o manco para o resto desta.
Verne desarma o atirador e descobre que é o seu sobrinho de 26 anos, Gaston. Este não oferece resistência e Verne leva-o para casa onde foi examinado pela polícia. É internado e dado como louco, sem muitas explicações.


Retrato de Paul e Gaston Verne

Há 125 anos, esta semana foi sem dúvida a pior semana de Verne. Depois de ter vendido o seu Saint Michel, cuja manutenção era muito dispendiosa, foi alvejado no pé esquerdo sendo impossível a extração da bala. Fica coxo para o resto da sua vida sendo ajudado por uma bengala. Oito dias depois morre o seu editor, cúmplice e amigo, que o ajudava a retocar a sua obra, a aperfeiçoar o tom deveras particular que Júlio Verne soube criar, entre documentação e ficção.

Estes três acontecimentos, em pouquíssimo tempo, perturbam-lhe a vida. Deixou de fazer a sua regular viagem entre Amiens e Paris, onde se encontrava com amigos e outras celebridades da época, e de percorrer o mar no seu iate.

Mas depois destes anos, ainda se questiona o porquê de tal atitude do seu sobrinho, filho do seu grande amigo, companheiro e irmão Paul Verne.
Muito se especula sobre as razões que fez com que o sobrinho disparasse contra Verne no final de tarde do dia 9 de Março de 1886, em frente da porta-cocheira da sua casa na Rua Charles Dubois. Seria apenas desequilibro mental ligado ao ciume e inveja ou mais do que isso?

Eu, Frederico, no local em que Gaston disparou contra o seu tio

Há quem diga que Verne possuía outra mulher e filhos numa segunda vida; há quem diga que Verne e Gaston participavam de uma sociedade secreta (Rosa-Cruz) e, por Verne revelar uma mensagem secreta em algumas das suas obras, Gaston irritara-se com o seu tio; há quem diga que apenas tentou atrair a atenção para seu tio para que ele entrasse na Academia Francesa de Letras; há quem diga que o seu sobrinho tivesse ido a Amiens com a intenção de pedir ao tio uma quantia em dinheiro...
Mas são tudo especulações. A única coisa que sabemos ser verdade é que Gaston foi internado num hospital psiquiátrico e declarado louco.

Como puderam ler, há imensas versões e não sabemos a verdadeira.
Não sabemos o porquê daquele disparo, e duvido que algum dia se saiba.

12 comentários:

zoltrix disse...

obrigado pelo reparo e pela dica!!
Excelente trabalho este seu....
Abraço

Anónimo disse...

Olá, Frederico!

Desculpe, eu sei que a pergunta não tem nada que ver com Júlio Verne, mas como você é o único português que eu 'conheço'...: em Portugal neva?
Estava conversando com uma amiga inglesa sobre o poema "Balada da Neve", de Augusto Gil, e ela perguntou-me se havia mesmo neve em Portugal. Eu disse que sim (era o que sempre pensara), mas quando fui conferir na enciclopédia, não mencionavam neve em nenhuma região do seu país.
Será que você pode me aclarar esta questão climática?
Obrigada,
Beatriz.

zoltrix disse...

Viva
Já o linkei no meu blogue! Espero assim espalhar este ar de contagiante aventura maravilhosa que este seu transmite!
Obrigado

Anónimo disse...

Zoltrix, fico bastante feliz e agradecido por ter gostado do blog e por tê-lo publicitado no seu.
O nosso obrigado.

Beatriz, se em Portugal neva? Neste Inverno, que está a terminar, raros foram os dias em que não nevou nas regiões do interior. Até aqui na minha cidade (zona litoral), Porto, nevou algumas vezes, algo que não acontecia há muitos e muitos anos.

Esteja à vontade para perguntar seja o que for. Estou aqui para ajudar.

Anónimo disse...

Muito obrigada pela resposta, Frederico!

glanzmann disse...

Caro Fred:Seria possível a Verne,com o tempo ocupado em viagens,nos brindar ainda com 25 obras maravilhosas,antes de morrer,se não houvesse acontecido esse acidente?Fica a pergunta ...

André Coroado disse...

Olá Frederico. Gostei muito do artigo e fiquei intrigado com as possíveis causas do atentado. Algo que nunca chegaremos a saber.

Mas quanto à hipótese da sociedade secreta, há realmente indícios de Verne ter pertencido a esse tipo de organizações? Enfim, tantos pormenores curiosos na preenchida vida de Júlio Verne!

Acredito que tenham sido tempos muito conturbados na vida de Verne, e certamente que isso terá influenciado as suas últimas obras, mais pessimistas e críticas em relação ao mundo.

Por acaso tive conhecimento destes factos há pouco tempo, quando fazia um trabalho de inglês sobre o nosso escritor favorito. De qualquer forma, é sempre muito bom ver estes factos da vida e obra de Verne tão bem aprofundados e analisados aqui no blog!

Muito obrigado pela partilha, Frederico! Um dia também gostava de visitar Amiens, Nantes, Crotoy e outros locais emblemáticos da vida de Verne.

Anónimo disse...

André, há livros sobre Verne onde é referido esse facto, o de ter pertencido a uma sociedade secreta. Entre está o SECRET MESSAGE OF JULES VERNE de Michel Lamy e uma biografia (única em português) editada no Brasil de J. J. Benitez.

Este ultimo refere no seu livro que há elementos dessa sociedade Rosa Cruz no seu túmulo.
http://jvernept.blogspot.com/2008/01/eu-jlio-verne-de-j-j-bentez.html

Neste ano de 1886 iniciou-se a fase mais negra da vida de Verne com a venda do seu magnífico iate provavelmente por razões financeiras, em 15 de fevereiro de 1886. Em 9 de março, o seu sobrinho Gaston atingiu-o com duas balas de revólver por razões que permanecem até hoje misteriosa. Desde então tornou-se coxo para o resto da vida. Em 17 de março, morreu Hetzel, seu editor, a quem considerava como o seu pai. No mesmo ano, seu filho único, Michel, pai de duas crianças, muito endividado, divorciou-se, casando-se de novo. O ano de 1887, começou com a morte de sua mãe.

Em 1900, Júlio Verne deixou a residência em que morou durante 18 anos na rua Charles Dubois, que havia alugado durante 10 anos, por uma outra, no boulervard Longueville que, menos espaçosa que a anterior, tornava a sua vida mais fácil.

Como disseste, esta fase negra é notória nos seus livros desta altura!

Obrigado pela tua contribuição. Agora que já há voos da minha cidade, Porto, para Nantes, é altura de visitar a Terra Natal de Verne. Quem sabe se não podemos ir em grupo;)

Obrigado pelo teu comentário.

glanzmann, deixo a resposta ao teu comentário para o fim pois como referi em cima, este atentado juntou-se a outras infelicidades na vida de Verne. Agora em casa, devido à venda do seu iate, e em repouso (custava-lhe a andar), é natural que tenha dedicado mais tempo aos livros. Se não tivesse ocorrido tais acontecimentos talvez se tivesse dedicado mais tempo às viagens e escrito menos apesar de isso nunca ter sido um entrave às suas escritas.

André Coroado disse...

Já tinha lido o texto no ano passado, mas voltei a lê-lo com o mesmo fascínio da primeira vez. É de facto um tema intrigante! E a questão da sociedade secreta... muito curioso...

Mas já agora tenho uma pergunta para de fazer, que não coloquei há um ano: na tua opinião, quais serão os livros de Júlio Verne mais propícios à inscrição de elementos de uma mensagem secreta?

Anónimo disse...

André, várias são as obras onde a escolha dos nomes das personagens não é aleatória, onde há indícios de símbolos maçónicos, etc que pode levar a que se pense que Verne sabia mais do que aquilo que escrevia. Refiro-me a segredos de Sociedades Secretas a que Verne pertencia e que se pensa que o escritor tentou "indicar o caminho até ao X" nos seus livros.

Tem-se falado ultimamente, e principalmente, de uma obra que já foi discutida num livro sobre o tema Verne/Sociedades Secretas que é Clovis Dardentor. Porém, há outra, não editada em português, que também já foi alvo de discussão nesse tema cujo título traduzido é "Testamento de um excêntrico" (curioso título).

Curiosamente, e aproveito para te informar, que amanhã irá sair um texto do Carlos Patrício sobre este tema onde poderás esclarecer mais as tuas dúvidas.

Anónimo disse...

Que top

Anónimo disse...

Obrigada fiz um trabalho disso e me ajudou muito so queria ter visto as fotos