sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

'Viagem ao Centro da Terra' (1959) no Cinema

O IndieJúnior – Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil do Porto vai ter, de 30 de janeiro a 4 de fevereiro, cerca de 50 filmes em competição espanhados pelo Teatro Municipal Rivoli, a Biblioteca Municipal Almeida Garrett e o Cinema Trindade, todos na cidade do Porto (Portugal).


Uma das secções não competitivas, "O Meu Primeiro Filme", conta com três longas metragens escolhidas por três personalidades da música, três propostas sobre a própria infância de Ana Deus, Rui Reininho e Carlos Tê, que serão exibidas no Cinema Trindade com apresentação dos próprios.

Ana Deus, que fez parte de grupos como os Ban ou os Três Tristes Tigres, escolheu “Alice no País das Maravilhas”, um clássico da Disney de 1951, que será exibido a 03 de fevereiro, enquanto o letrista e escritor Carlos Tê se decidiu pelo britânico “Os Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras”, realizado por Ken Annakin, em 1965, para uma sessão marcada para dia 02. Já o vocalista dos GNR, Rui Reininho, que abre a secção a 01 de fevereiro, escolheu o norte-americano “Viagem ao Centro da Terra” (1959) realizado por Henry Levin e com James Mason, Pat Boone e Arlene Dahl.

Os bilhetes podem ser adquiridos no local e custam €4.
Relembro que este filme, inexplicavelmente, nunca foi lançado em DVD em Portugal, por isso, não perca esta excelente oportunidade de (re)ver este filme no grande ecrã do histórico Cinema Trindade.


Foi indicado 3 categorias do OSCAR® em 1959:
Direcção de Arte, Som e Efeitos Especiais

Sinopse:
Fantasia e diversão certamente são o ponto alto desta versão cinematográfica do clássico suspense de Jules Verne, estrelado por James Mason, Pat Boone e Arlene Dahl. Com lugares espectaculares como pano de fundo, a história conta as aventuras da expedição liderada pelo Professor Lindenbrook (Mason) rumo ao centro da Terra. Também são membros do grupo um estudante de astronomia Alec (Boone) e a viúva de um colega (Arlene Dahl). Perigos, como sequestro, morte, sabotagem preparada por um explorador rival, espreitam pelo caminho. Répteis pré-históricos gigantes surgem a todo o momento. Mas, os aventureiros também encontram maravilhas deslumbrantes como uma reluzente caverna de cristais de quartzo, algas luminescentes, uma floresta de cogumelos gigantes e a cidade perdida de Atlântida. Permanecendo fiel à narrativa de Verne, esta é uma aventura arrebatadora que garante suspense e diversão para todos os exploradores da família.

4 comentários:

Natália R. Gomes disse...

Filme x Livro

Este filme é um daqueles filmes que possuem apenas meras semelhanças com a obra literária - como todas as adaptações do conto da Cinderela, sabe? Há todos os elementos com os quais é possível distinguir a história da Cinderela, como a madrasta má, as filhas perversas, o pai morto, a vida de cão, mas todo o meio, os acontecimentos não são muito parecidos com o original.

E é exatamente isto que vemos neste filme de 1959: temos o professor, um assistente que é apaixonado por uma mulher que está sob os cuidados do professor, uma viagem à Islândia e a busca pelo centro da Terra. Contudo vários pontos foram alterados: As nacionalidades mudaram; Alec não é o sobrinho do professor e sim um estudante; o professor não encontra um livro do Saknussem e sim põe as mãos acidentalmente em um objeto que teria pertencido ao estudioso... estes são apenas o início. Também temos um professor Lindenbrook que sai contando para todos sua descoberta, divergindo completamente do livro, no qual ele mantem o real motivo de sua expedição por medo de ter que disputar território. E é engraçado que acho que o roteirista pegou justamente esta ideia e colocou três pessoas que vão atrás do centro da Terra.

E o filme, claro, incrementou alguns personagens para o filme ter uma veia cômica, romântica e de mais ação (bem pequenas, mas ainda sim os elementos estavam lá). Para dar mais ação ao filme, fizeram o professor, como eu já disse, falar sobre a expedição para outras pessoas que tentaram chegar antes dele - aí surge a figura do conde Saknussem, um descendente do Arne Saknussem. Para o professor não ficar sozinho, temos uma mulher na expedição. E a veia cômica... digamos que Gertrude (que não é a mulher da expedição) roubou meu coração!

O filme foge um pouco do livro, sim é verdade, mas é um bom filme para assistir. Foram duas horas de filme (que imaginei que eu ficaria entediada) que passaram muito rápido. Mas é preciso ter em mente que é um filme antigo, de 1959. Sinceramente não sei qual era o nível de tecnologia da época, então não sei se o filme utilizou-se desta tecnologia ou se era de baixo orçamento. O que eu sei é que os efeitos são bem capengas mesmo - do tipo que usam lagartos para serem dinossauros.

Carlos Patrício disse...

As adaptações das obras literárias de Verne para o Cinema têm uma virtude inegável: apresentam o autor para uma legião de pessoas que, muitas vezes, jamais abririam um livro em outra situação. Porém, após se encantarem com o filme, procuram a obra original e acabam se surpreendendo com o estilo e a genialidade de Verne.

Quatro filmes que assisti na infância aguçaram minha curiosidade a conhecer os livros de onde haviam sido originados: este "Viagem ao Centro da Terra" (1959) de Henry Levin; "Robur, o Conquistador" (1961) com roteiro de Richard Matheson e o grande Vincent Price no papel principal; "A Volta ao Mundo em 80 Dias", ganhador do Oscar de Melhor Filme de 1956 e "Vinte Mil Léguas Submarinas", realizado em 1954 pelos estúdios Disney, com Kirk Douglas, Peter Lorre e o mesmo James Mason que deu vida a Lidenbrock, agora fazendo a parte do maior dos personagens vernianos, o Capitão Nemo.

Era muita coincidência que nos créditos de todos eles, aparecessem as palavras mágicas "Baseado na obra de Jules Verne".

- Quer dizer que um só sujeito criou todas aquelas situações? E ele anteviu o submarino, o helicóptero, os foguetes à Lua? - a gente se perguntava, num entusiasmo juvenil. Daí para descobrir as obras originais, e todas as suas maravilhas, era um passo.

Para finalizar, diria que os filmes daquela época, mesmo com suas inevitáveis adaptações, ainda eram muito mais fiéis às ideias. conceitos e climas originais dos livros do que as modernas tentativas de Hollywood que, apesar de bem-intencionadas, ficam muito aquém do espírito verniano.

Alfredo Sodré disse...

Alguém saberia dizer quando irá sair a adaptação de "Vinte Mil Léguas Submarinas" na direção de Bryan Singer?

Carlos Patrício disse...

Amigo Alfredo,

A situação atual do cineasta Bryan Singer não é nada boa. O sujeito está envolvido até o pescoço em denúncias de abuso sexual e até de estupro. Ele ainda recebeu críticas da produtora dos filmes sobre os X-Men, Lauren Donner, perdeu o cargo de produtor executivo da série de televisão "Gifted" e foi demitido do filme que estava realizando no momento, uma cinebiografia da banda inglesa Queen.

Dificilmente terá espaço em Hollywood para filmar o livro de Verne.