quinta-feira, 7 de junho de 2012

Morreu um filho de Verne


Morreu o último dos gigantes. 

Depois de Robert A. Heinlein, Isaac Asimov e Arthur C. Clarke, o último dos Quatro Fantásticos  do século XX nos deixou. 

Raymond Douglas Bradbury se definia como "filho de Jules Verne e Mary Shelley, sobrinho de Edgar Allan Poe, primo de H.G.Wells e irmão de Flash Gordon e Buck Rogers". Muitos puristas da sci-fi torciam o nariz para sua "veia poética", sua literatura de denúncia, sua preocupação humanista, seu pouco rigor científico. Mas era o que eu mais gostava nele
. Em As Crônicas Marcianas  ele criticou duramente a exploração de um povo sobre o outro (as naves espaciais terranas, invasoras do até então intocado paraíso marciano, eram "nuvens de gafanhotos prateados", que lindo), o racismo e o preconceito, o perigo da colonização (os marcianos morreram dizimados por uma doença infecciosa - lembra alguma coisa? Astecas, maias, incas?). Em Fahrenheit 451, um governo autoritário proibia os livros, as relações interpessoais, a vida inteligente. 

Apesar desse "hermetismo", e ao mesmo tempo, Ray Bradbury conseguiu ser um dos mais populares dos "gigantes" porque escreveu para TV (I Sing the Body Electric foi escolhida por Rod Serling para celebrar o centésimo episódio da mítica The Twilight Zone ), quadrinhos (claro, a EC Comics, de Bill Gaines) e cinema - sabiam que é dele o roteiro do über clássico Moby Dick  dirigido por John Huston, em 1956 com Gregory Peck? Por essas e (muitas) outras, o velho dizia: "Não sou uma pessoa séria e não gosto de pessoas sérias. Não me vejo como um filósofo ou algo assim. Filósofos são terrivelmente chatos. Meu objetivo é divertir, entreter a mim e a meus leitores". 
 
Estou relendo As Crônicas Marcianas  nesse fim de semana, em homenagem ao velho Bradbury. Ele alcançou seu objetivo.

Abraços a todos.

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