quinta-feira, 9 de abril de 2009

Teatro de "20000 Léguas..." em São Paulo (Brasil)

"Vinte Mil Léguas Submarinas", espetáculo do grupo de teatro de bonecos Giramundo que estreou ontem em São Paulo (Brasil), é a história de um submarino de propulsão elétrica a bordo do qual um capitão carrancudo, um professor, seu criado e um arpoador cruzam os mares.

Mas também um comentário do escritor Júlio Verne (1828-1905) sobre "o domínio da ciência, sua ascensão como nova religião, panegírico", peça-chave numa "visão de mundo baseada na razão, na expansão do homem por meio da tecnologia".

A leitura mais complexa, do autor da adaptação e diretor da montagem, Marcos Malafaia, 43, atesta que o apelo do teatro de bonecos não se restringe às plateias mirins.

"Ainda predomina a visão de que se trata de um género para crianças, o que é um erro, pois a tradição antropológica do teatro de bonecos é ligada a rituais e cerimónias de adultos. O potencial abstrato e plástico do boneco permanece subutilizado no Brasil", avalia ele.

Em "Vinte Mil Léguas Submarinas", o grupo mineiro mergulha nas águas da ficção científica, novidade na trajetória de quase 40 anos. Bonecos de balcão (que ficam apoiados em uma superfície) e articulados por fios ou varas "contracenam" com figuras comandadas por controle remoto.

"Não nos estranharia se, em alguns anos, o Giramundo fizesse um espetáculo completamente robotizado, automático, em que os marionetistas ficassem confortavelmente sentados, munidos não mais de fios ou cruzes de manipulação, mas de joysticks", prevê Malafaia.

Em "Vinte Mil...", curiosamente, o desbravamento de novos mares tecnológicos reaproxima a companhia de seu cais inicial: as videoanimações projetadas durante a peça são descendentes diretas das que Álvaro Apocalypse (1937-2003), mentor do Giramundo, criou para a TV nos anos 70, antes de decidir se concentrar no palco.


VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS
Quando: estreia ontem; hoje e dia 16, às 16h e às 20h; dia 15, às 17h e às 20h; dia 17, às 10h e às 20h
Onde: Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700) São Paulo (Brasil)
Quanto: de R$ 4 a R$ 16

Fonte: FolhaOnline
Obrigado ao Angelo Di Santo pelo envio da informação.

1 comentário:

Carlos Patrício disse...

Em 2002 - há sete anos, portanto - levei meu filho, então com oito de idade, para assistir ao espetáculo teatral "Os Meus Balões", de Karen Acioly. O musical contava a história do hipotético encontro entre Verne e Alberto Santos-Dumont, inventor do avião.

No início da peça, o pequeno Alberto está brincando com sua família, numa roda de jogo que consistia em se responder à pergunta se determinado animal voava. "Barata voa?", alguém perguntava; "Voa", respondiam os outros. "E galinha, voa?" e por aí seguia o jogo.

"Homem voa?", perguntou de repente a mãe de Alberto.
"VOA!!!" respondeu rápido o moleque, num salto.
"Que é isso, Albertinho, homem não voa! Você perdeu!"
"Voa, sim! Júlio Verne disse que voa - e se não voa, vai voar!!!!"

No final da peça, os dois atores caracterizados como Verne e Dumont, atados a discretos cabos de aço, realmente "voam" sobre um palco cheio de luz e efeitos de fumaça. Muito bonita, a peça: emocionante e inesquecível.

http://ciberfolio.net/modelos/karen/02_iti_baloes.html