sábado, 29 de outubro de 2022

Maio de 1884, neste Vale de Andorra Júnior à beira-mar plantado: irónica crónica de um encontro entre Rafael Bordalo Pinheiro e Jules Verne em Lisboa 4

Acto IV – E depois do adeus: por entre passeios à beira-rio com actrizes francesas e italianas em Lisboa e Paris e uma inconclusiva reflexão sobre a “intuição do tempo”

Ainda hoje constitui motivo de alguma especulação a apressada partida de Verne de Lisboa naquele já distante ano de 1884. Se há quem aponte a vontade do escritor francês de, após um períplo de três dias pela pérola do Tejo, ter uma absoluta necessidade de regressar a uma cidade europeia (o que até nem foi o caso), investigações feitas já em pleno século vinte por distintos estudiosos Vernianos vêm sugerir outras hipóteses.

Entre eles, encontra-se Daniel Compère que, em 1973, devotou um interessantíssimo estudo à relação de Verne com Vale de Andorra Júnior. No fim do seu detalhado texto, referindo-se à segunda visita do escritor a Lisboa, Compère aduz a possibilidade de, após o jantar e a soirée teatral da noite de 23 de Maio de 1884, Verne ter resolvido dar um passeio com uma jovem actriz parisiense que, à data, estava em tournée na capital (Compère, 1973: 414).

A inexistência de paparazzis ou de revistas cor-de-rosa naquela época impedem-nos de confirmar ou infirmar a veracidade desta afirmação de Compère, no entanto, uma vez mais a arte de Rafael Bordalo Pinheiro poderá lançar alguma, ainda que muito pouca, luz sobre o assunto.

Não existe qualquer indício de que a decepção de Bordalo pela veloz visita de Verne a Lisboa tenha persistido durante muito tempo. Que se saiba, o artista não foi acometido de nenhum delírio de tipo sebastianista, mandando verificar diariamente os registos do tráfego marítimo do porto de Lisboa ou contratando algum detective privado da Agência Pinkerton que se prostrasse no Cais das Colunas na vã esperança de ver um iate chamado Saint-Michel III aportar, de novo, na barra do Tejo.

Em 1885, Bordalo continua a seguir o seu caminho natural: dá por encerrada a primeira série de António Maria e, sempre fiel à sua divisa de intervenção política, inicia um novo projecto jornalístico cujo título não poderia ser mais contundente: Pontos nos ii

É numa directa alusão a Verne neste jornal que cremos encontrar algum eco que, de certo modo, talvez possa sustentar a afirmação de Compère. A haver a, ainda que remota, possibilidade de o passeio de Verne com a jovem actriz francesa ter efectivamente acontecido, tal informação não deixaria de circular nos meandros mais secretos da intelligentsia lisboeta, talvez na própria época em que tal se passou ou algum tempo mais tarde.

Fazendo parte dessa intelligentsia, seria quase impossível Bordalo Pinheiro não ter tido conhecimento do facto. A quase certeza de que ele só terá tido conhecimento do mesmo bastante tempo depois, e já bastante adulterado por diversas almas ingénuas e românticas que teriam afirmado ter visto Verne partir de Lisboa na companhia da jovem actriz naquela madrugada de 24 de Maio de 1884, afigura-se igualmente bastante possível.

Mesmo que tal não tenha sido verdade, e é quase absolutamente seguro que não o seja, tal história teria encontrado um eco tremendamente acolhedor no coração de um Bordalo Pinheiro que vivia, então, sob as caprichosas flechas que Eros lhe tinha resolvido enviar através de uma actriz italiana chamada Maria Visconti, residente em Vale de Andorra Júnior desde 1881 e que era companhia frequente do artista nas Caldas da Rainha (Rosa, 2018).

 Maria Visconti ou La Dolce Vita de Rafael Bordalo Pinheiro.

Poderão os encantos da Bella Visconti, de alguma forma, terem refreado a indomável torrente de mordacidade de Bordalo no que toca a Jules Verne? É algo que não podemos afirmar com certeza, mas na última evocação que o artista faz do escritor francês na imprensa andorrana júnior denota-se, claramente, uma vertente de ironia temperada por um jovial sentimento de genuíno e “maravilhoso” contentamento.


Bordalo visivelmente feliz em mais uma caricatura para o Pontos nos ii (de 13 de Março de 1886).

Consoante o que conseguimos apurar, terá sido esta a última referência de Bordalo ao escritor francês. Poderão eventualmente ter-se cruzado em Paris, no ano de 1889, onde, entre frequentes visitas aos cabarets de Montmartre e passeios à beira do Sena com Maria Visconti, Bordalo Pinheiro dirigia os preparativos do pavilhão de Vale de Andorra Júnior para a Exposição Universal, contudo as fontes são profundamente omissas e não permitem a tirar ilações conclusivas sobre tal possibilidade.

No ano de 1905, ambos fariam uma última viagem, desta vez sem qualquer possibilidade de regresso. Primeiro foi Rafael Bordalo Pinheiro a 23 de Janeiro. A 24 de Março, Bordalo seria secundado por Jules Verne. Teriam finalmente coincido os dois relativamente ao tema da viagem? Mais uma vez trata-se de algo difícil de determinar. Isto porque, com a pressa com que ambos empreenderam tal jornada, nunca foi possível verdadeiramente apurar qual dos dois teria uma maior “intuição do tempo”.


FIM


Bibliografia

Compère, D. (1973). Les Portugais et les Brésiliens dans l’oeuvre de Jules Verne. In Massa, J.M., La Bretagne, le Portugal, le Brésil – Échanges et rapports, Volume 1 Rennes: Univerisité de Haute Bretagne, 395-415.


Diário Ilustrado, 22 de Maio de 1884.


França, J.A. (2005). O essencial sobre Rafael Bordalo Pinheiro. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.
 

Jácome, F. (2014), Há 130 anos J. Verne voltou a Portugal [Online] Disponível em https://jvernept.blogspot.com/2014/05/ha-130-anos-j-verne-voltou-portugal.html [consultado em 2 de Julho 2022].


Kerouac, J. (1998). Pela estrada fora. Lisboa: Relógio de Água.


Pinheiro, R.B. (1872). Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Raslib pela Europa. Lisboa: S/I.


Pinheiro, R.B. (1881). No Lazareto de Lisboa. Lisboa: Empreza Litterária Luso Brazileira – Editora.


Pinheiro, M. (2011). Biografia de Lisboa. Lisboa: A Esfera dos Livros.


Quaresma, J.P. (2020). A alunagem de Júlio Verne no Chiado e o “Guisado na Porcalhota”. Entre o Chiado, o Carmo e Paris: artes na esfera pública. Lisboa: FBAUL.


Rego, B. (2022). Once Upon a Time in Lisbon. The Extraordinary “Editorial Voyages” of Lusitânia Verne 1874-2021. Verniana, Volume 13 (2022-2023), 1-53.


Rosa, V. (2018). O amor italiano de Bordalo Pinheiro. [Online] Disponível em https://observador.pt/2018/05/19/o-amor-italiano-de-bordalo-pinheiro/ [Consultado em 3 de Julho de 2022].


Silva, R.H. (2007). O Zé Povinho de Rafael Bordalo Pinheiro: Uma iconologia de ambivalência. Revista do IHA, N.3, 238-253.


(2019). Hotel Bragança ou Braganza Hotel [Online] Disponível em https://lisboadeantigamente.blogspot.com/2019/07/hotel-braganca-ou-braganza-hotel.html [Consultado em 3 de Julho 2022].

Maio de 1884, neste Vale de Andorra Júnior à beira-mar plantado: irónica crónica de um encontro entre Rafael Bordalo Pinheiro e Jules Verne em Lisboa 3

Acto III – E se um desconhecido lhe oferecer artesanato das Caldas ou aquela noite no Braganza Hotel

A 22 de Maio de 1884, Lisboa vivia dias relativamente tranquilos, no interstício entre a plena sagração da primavera e os planos das primeiras idas a banhos nas praias à beira-Tejo com a chegada do verão.

Para além de um incêndio ocorrido no dia anterior no quartel de Infantaria 5 que já se encontrava em fase de rescaldo, a notícia mais importante desse dia dizia respeito à Sociedade promotora do apuramento de raças cavallares. Através de um anúncio publicado na primeira página do Diário Ilustrado, a dita Sociedade alertava os seus associados que encontravam-se abertas as inscrições de humanos e equídeos (e eventualmente outras criaturas com equiparação a cavalgadura devidamente certificada) para a corrida e respectiva exposição hípica que iriam ter lugar entre 29 de Maio e 1 de Junho, no hipódromo de Belém.

Foi também nesse dia que Jules Verne aportou à capital de Vale de Andorra Júnior pela segunda vez. O calendário marcava o dia de quinta-feira. Embora distante do modernismo ostentado por outras metrópoles europeias, Lisboa caminhava a passos largos para se aproximar delas o mais rapidamente possível e apresentava até alguns inéditos prodígios tecnológicos como, por exemplo, o SAM - Sistema de Arrefecimento Municipal que contemplava tanto a paisagem física como a paisagem humana da cidade nos dias de maior canícula.

Modelo de funcionamento do SAM. Apesar de Verne ter chegado no dia de calor oficial não há qualquer referência a este inovador dispositivo nos seus diários de viagem (Bordalo Pinheiro, 1881).

A frenética agenda da segunda deslocação de Verne à cidade lisboeta teve como ponto alto a tarde e a noite do dia 23 de Maio. O local? O prestigiado Braganza Hotel. Este começou por chamar-se singelamente Hospedaria Bragança até se aperceber que, para poder tornar-se o mais belo hotel da época na capital de Vale de Andorra Júnior, teria que mudar de designação comercial. A Hospedaria recebeu uma pensão de reforma, na fachada passou a figurar Hotel e Bragança passou a soletrar-se com zê.

Foi desta forma que o Braganza Hotel, nos últimos anos do século dezanove, conseguiu contar entre os seus hóspedes nomes como os da rainha da Suécia, o sultão de Zanzibar, Said-Bargash, o rei Kalakawa do Havai (Agosto de 1881), a diva do teatro francês, Sarah Bernhardt (Abril de 1882), os embaixadores do Japão, entre várias outras personalidades internacionais. Embora podendo fazer parte deste restrito lote de personalidades, Jules Verne declinou inscrever o seu nome como hóspede na história do hotel, preferindo antes pernoitar no Hotel Iate (isto é, no seu próprio barco), localizado no matinalmente sempre buliçoso porto de Lisboa (Rego, 2022: 5).

O Braganza Hotel visto do Largo do Corpo Santo (C.P. Symonds, 1856).

Apesar da sua nítida antipatia por leitos andorranos juniores, a convite de David Corazzi, Verne gentilmente acedeu a um encontro no Braganza Hotel com algumas personalidades das letras portuguesas como Manuel Pinheiro Chagas, Salomão Bensabat Saragga, Ramalho Ortigão e, claro está, Rafael Bordalo Pinheiro.

Os dois primeiros foram tradutores de obras de Verne. O terceiro informou o escritor francês que uma obra deste tinha inspirado a Eça a descrição de Pequim em O Mandarim (Rego, 2022: 5). Bordalo Pinheiro, que não foi tradutor de Verne nem escreveu sobre Pequim, decidiu homenagear o escritor, oferecendo-lhe um pasmoso exemplar do artesanato produzido na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha (na qual Bordalo chefiava o sector artístico): uma peça de loiça onde figuravam um lagarto e outros animais (Jácome).

Além de, certamente, estar a tentar alargar a produção da Fábrica de Faianças a novos mercados internacionais (e, em 1884, o mercado francês, isto é, Paris era a capital mundial da arte), a oferta de Bordalo a Verne teve um outro intuito que até o próprio artista, muito provavelmente, nunca terá realizado completamente.

A explicação para este acto inconsciente poderá soar algo complexa, mas é bastante simples e lógica. Tinham-se passado doze anos desde a publicação dos Apontamentos. Embora Bordalo continuasse a desvelar a sua diatribe ditirâmbica de ironia em I maior através de jornais como o António Maria, a sua posição de juventude face a certos temas como, por exemplo, a duração de viagens à volta do mundo amadureceu com o decorrer dos anos.

A oferta de Bordalo a Verne não pretendeu ser apenas uma homenagem do artista ao escritor. Foi, também, o reconhecimento da maior autoridade deste último naquela matéria, na qual Bordalo assumia agora uma posição muito mais conservadora. Comprovaremos isso mediante a reacção que o caricaturista exprimiu em relação à segunda estância de Verne em Vale de Andorra Júnior.

O resto do serão de 23 de Maio de 1884 foi bastante agradável. O encontro no Braganza Hotel foi seguido de um jantar, em que Verne foi presenteado à sobremesa com a edição portuguesa das suas obras (Compère, 1973: 414), e de uma soirée teatral. Às seis da manhã de sábado, 24 de Maio, com um amanhecer nublado e com o Tejo em intensa actividade marítima, Verne deixou a capital no seu iate/hotel/restaurante à velocidade de 9,5 nós, rumo a Gibraltar (Rego, 2022: 6).

Embora sem provocar o alvoroço e a comoção que, nessa época, eram apenas reservados aos membros mais importantes das grandes casas reais europeias que rendiam a Lisboa a honra da sua presença, a estadia do escritor francês foi devidamente assinalada pela imprensa andorrana júnior a tempo e horas.

A respeito da mesma, ainda no dia 24 de Maio, diziam respectivamente o Diário de Notícias e o Diário da Manhã o seguinte:

"Está novamente em Lisboa este célebre romancista. Chegou ante-hontem ao Tejo no seu bello yacht a vapor, St Michel, vindo de Nantes em oito dias, tendo arribado em Vigo por ter a machina do navio soffrido uma pequena avaria" (Jácome).

"Passou hontem o dia em Lisboa este illustre escriptor. Chegou ante-hontem no seu yacht Saint-Michel. Às 9 horas desembarcou e foi ter com David Corazzi. Às 6 horas foram jantar cremos ao hotel Braganza, assistindo á refeição o sr. ministro da marinha (Salomão Saragga). Verne esteve fallando muito tempo com o sr. Jorge O'Neill (amigo e anfitrião de Hans Christian Andersen) e ficou tão encantado com esse cavalheiro que tenciona descrevel-o n'um dos romances que vai escrever. Julio Verne parte esta madrugada para Oran [NOTA: na verdade, Verne partiu para Gibraltar, mas provavelmente os conhecimentos geográficos do jornalista eram algo redutores ou uma noite bem passada no Chiado poderá ter propiciado este excelente exemplo da arte de mal informar] " (Jácome).

O Diário de Notícias voltou ao assunto na sua edição do dia seguinte, 25 de Maio:

"Partiu hontem de madrugada, no seu yacht St. Michel para Oran [NOTA: ver NOTA anterior], o romancista Julio Verne. Foi-lhe offerecido na vespera um jantar no Hotel Braganza, e um dos convivas, o sr. Rafael Bordalo Pinheiro, deu-lhe um esplêndido prato de louça das Caldas, representando um lagarto e outros animaes" (Jácome).

Esta última notícia representa, quanto a nós, a chave que permite desvendar o motivo da reacção de Bordalo Pinheiro na caricatura de página inteira que abriu a edição do seu António Maria de 29 de Maio. O caricaturista terá sido completamente apanhado de surpresa com a súbita partida de Verne.

Bordalo que, nesta fase da sua vida, mudara completamente de posição quanto à questão de duração e velocidade de uma viagem e era agora defensor de estadias muito mais pausadas e prolongadas não podia, de forma nenhuma, deixar passar incólume a “fuga” de Verne para “a próxima louca aventura debaixo do céu” (Kerouac, 1998: 208) e a consequente e ultrajante “Dean Moriartização” do escritor francês.

Se o Bordalo dos Apontamentos possuía a “intuição do tempo”, ao Pinheiro de 1884 deveria parecer absolutamente incompreensível que um distinto cavalheiro de uns respeitáveis cinquenta e seis anos a tivesse adquirido tão tardiamente e a tivesse exibido, precisamente, numa visita a Vale de Andorra Júnior, contrariando assim alguns dos rígidos preceitos do código de conduta e de hospitalidade daquele tempo.

Porém, crê-se que não foi este o único motivo que levou à caricatural reacção de Bordalo. Supõe-se que o artista gostaria que Verne tivesse permanecido mais tempo em Lisboa para, primeiro, o poder aliciar a participar como accionista na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, ficando Paul Verne (irmão de Jules que o acompanhou na viagem) como representante comercial da empresa em França e, segundo, para tentar convencer o escritor a recomendar Bordalo como ilustrador junto de Hetzel, o seu editor francês, caso Verne algum dia iniciasse uma colecção paralela às suas Viagens Extraordinárias, intitulada Viagens Sarcásticas aos Mundos Conhecidos e Desconhecidos. Infelizmente, com a curta estadia do escritor, nenhuma destas démarches se efectuou, fazendo assim a estratégia de Bordalo ruir como um frágil castelo de cartas.

O “balanço” de Bordalo sobre a visita de Verne a Lisboa no António Maria, a 29 de Maio de 1884. 

O texto a acompanhar a caricatura diz o seguinte: "Júlio Verne o ilustre escriptor francêz, chegou a Lisboa, jantou com David Corazzi e com outros convidados d'aquelle editor, entre elles este seu creado e foi-se. Só andando com esta pressa, póde fazer viagens à Lua no tempo que qualquer gasta em ir à Porcalhota [antigo nome da Amadora] comer coelho guisado. Que tanto elle como seu irmão Paul, façam boa viagem aos antípodas em 1 hora e ¾ e que se voltarem a Lisboa se demorem mais um bocadinho para lhe mostrarmos o jardim da Europa à beira mar plantado" (Bordalo Pinheiro, 1884).



Apesar de o convite de Bordalo ter ficado feito, Verne nunca mais voltou a este jardim à beira-mar plantado, perdendo assim a inauguração do Museu Nacional de Belas-Artes que ocorreu a 12 de Junho de 1884 (Pinheiro, 2011: 255) e que, em conjunto com a corrida e a exposição hípica do hipódromo de Belém mencionadas acima, constituía o maior acontecimento lisboeta, antes de ser declarada oficialmente aberta a época de silly season nacional, de el-Rei rumar com a família real à vila de Cascais e de o próprio país, também ele fatigado por tantos numerosos eventos, encerrar as suas portas para um sempre mais que merecido período de férias.

Também o altamente sofisticado e tecnologicamente avançadíssimo SAM - Sistema de Arrefecimento Municipal que Lisboa possuía em 1884, e que Bordalo nos apresentou, parece não ter alcançado êxito além-fronteiras, dado que outras grandes metrópoles europeias optaram por continuar a utilizar sistemas, digamos, mais “tradicionais”. Mais surpreendente ainda nos parece o facto de Jules Verne, o apóstolo maior do progresso científico e tecnológico do século dezanove, não ter utilizado o dispositivo como inspiração para nenhuma das suas obras.

Porém, a relação entre Bordalo Pinheiro e Verne não se esgotou inteiramente em 1884. Restam ainda alguns pormenores inconclusivos que devem merecer toda a nossa atenção.

Maio de 1884, neste Vale de Andorra Júnior à beira-mar plantado: irónica crónica de um encontro entre Rafael Bordalo Pinheiro e Jules Verne em Lisboa 2

Acto II – Os anos antes do Encontro: entre as “canções” caricaturais da “ironia demais” e o regresso confinado a Vale de Andorra Júnior

Não há qualquer evidência de que Bordalo Pinheiro tenha voltado ao tema da viagem durante o seu voluntário exílio brasileiro. Depressa se adaptou ao clima do Rio de Janeiro e à doçura de viver do povo irmão. Como afirma José Augusto França: “Bem instalado numa espécie de «república» meio boémia e meio mundana, em breve Bordalo foi pequeno rei na cidade, admirado e naturalmente invejado” (França, 2005: 8).

A Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, recordada pela pena de Bordalo já depois dos seus anos brasileiros (Bordalo Pinheiro, 1881).

Para além de disfrutar plenamente das “cenas da vida boémia” brasileira, à semelhança do que já tinha acontecido em Vale de Andorra Júnior anos antes, o caricaturista envolveu tenazmente a sua pena nas disputas anticlericais que se travavam no último quartel do século dezanove um pouco por toda a parte, através da sua colaboração na imprensa de um Rio de Janeiro (França, 2005: 8-9), naquela época uma cidade onde, parafraseando Vinícius de Moraes, o amor ainda não doía em paz embalado pelas canções da canção do amor demais.

Não obstante a inexistência de elementos factuais que o comprovem, é possível que o quotidiano de mordaz intervenção política de Bordalo Pinheiro possa ter sido agitado por uma pequena notícia que o carioca Jornal do Commércio publicou naquele sábado, 29 de Junho de 1878:

[...] Julio Verne visitou o escritório das Horas Românticas, de que é proprietário o nosso amigo Sr. David Corazzi, que conseguiu por esforços não vulgares fazer publicar em edições luxuosas e em linguagem portuguesa todas as obras daquele escritor, já tão popularizadas entre nós como em toda a Europa (Rego, 2022: 5).

Granjeando já uma popularidade invejável graças à disseminação internacional da sua obra, Jules Verne era um fervoroso adepto da arte de viajar, sobretudo no seu iate Saint-Michel. Foi dele que desembarcou em Lisboa e que agraciou a cidade com a sua presença entre 5 e 7 de Junho de 1878, onde, entre outras solicitações, encontrou-se com David Corazzi, o seu editor, e com Manuel Pinheiro Chagas, seu futuro tradutor (Rego, 2022: 3-4).


Entretanto, em terras de Veracruz, a presença e a intervenção sociopolítica de Bordalo Pinheiro tornaram-se cada vez mais incómodas e menos pacíficas. No final de 1878, ocorreu um assalto ao jornal que detinha, O Besouro, e, como prémio de (ainda maior) intimidação, o caricaturista sofreu dois atentados à sua integridade física, encomendados por “ilustres cavalheiros” que não apreciavam de forma alguma a mordacidade lancinante do seu sentido de humor (França, 2005: 10).

Além de temer pela sua vida e pela vida dos seus, o que atesta um agudíssimo sentido de autopreservação da parte de Bordalo, urge perguntar o seguinte: a somar a isto terá a notícia da presença de Verne em Lisboa surgida no Jornal do Commércio uns meses antes despertado nele novamente o incessante desejo de viajar? Tanto quanto conseguimos apurar, até à data, trata-se de uma questão à qual o conhecimento actualmente disponível dificilmente poderá permitir dar uma resposta adequada.

O que é facto é que, em Março de 1879, não antes sem primeiro assistir ao desfile das escolas de samba do carnaval do Rio, Rafael Bordalo Pinheiro decidiu suspender o dolce caricaturare tutti quanti carioca e zarpar de regresso ao afagante aconchego dos braços d’el-Rei D. Luís, às crepitantes tertúlias do Chiado e às sofisticadas óperas do S. Carlos (França, 2005: 10). Doravante, Bordalo trocaria apenas estas paisagens pela faiança das Caldas da Rainha, pela “civilização” de Paris e, ainda mais compreensivelmente, pelos encantos da italiana Maria Visconti, de quem voltaremos a falar.


 A emocionada despedida de Bordalo Pinheiro a um “dignatário” brasileiro, “avançando para a próxima louca aventura debaixo do céu” de Vale de Andorra Júnior (Bordalo Pinheiro, 1881).

Porém, o regresso de Bordalo à pátria amada não se deu sob os melhores auspícios. Por vezes, a vida imita a arte com a mesma veia irónica e mordaz que o artista imprime à sua criação. Se anteriormente, nos Apontamentos de 1872, ele tinha sujeitado o imperador de Raslib a uma situação de confinamento na primeira visita deste a Vale de Andorra Júnior, desta vez foi o pequeno e humilde Vale que efectivamente fez Bordalo cumprir um período de confinamento no Lazareto, um edifício situado em Porto Brandão que estava destinado a ter como residentes temporários todo e qualquer um que fosse suspeito de ser portador de doenças contagiosas.

Embora a ironia e o sarcasmo não constassem da lista de doenças contagiosas da época, o caricaturista ficou encerrado na margem sul do Tejo durante um período de tempo assinalável e descreveu esta “louca aventura debaixo do céu” (Keroauc, 1998: 208), bem como a sua estância brasileira, no Lazareto de Lisboa, publicado em 1881.


Ao passo que Bordalo Pinheiro voltava, Verne, por seu turno, sem necessidade de abandonar a pacata e provincial tranquilidade da cidade de Amiens, nesse mesmo ano, e dando continuidade à sua arte de viajar, resolveu igualmente “visitar” o Brasil no seu romance, A Jangada. No entanto, muito mais avaro aos trepidantes e encantatórios devaneios urbanos brasileiros a que Bordalo Pinheiro se acostumara durante os seus anos Veracruz, o escritor francês optou por evitar a ebulição febril do carnaval do Rio de Janeiro e, em vez disso, escolheu as paisagens mais recatadas, selvagens e solitárias da Amazónia para mais uma das suas Viagens Extraordinárias.

Neste ponto da nossa irónica crónica, torna-se necessário esclarecer que, desde a sua primeira obra traduzida e publicada em 1874 (Da Terra à Lua), a popularidade de Verne em Vale de Andorra Júnior foi aumentando exponencialmente a cada ano que passava, muito por força do sofisticado trabalho de edição desenvolvido por David Corazzi, propiciando aos seus leitores uma salutar alternância entre horas laborais, horas de lazer e horas românticas, mas também pelo destaque dado ao escritor francês pela imprensa andorrana júnior da época. O escritor tinha direito a artigos de primeira página.


Verne no jornal O Camões de 13 de Janeiro de 1881. Não há provas de tal, mas este poderá ter sido o primeiro contacto visual de Bordalo com o escritor francês.

Se até este momento os destinos de Rafael Bordalo Pinheiro e de Jules Verne quase que poderiam ter-se cruzado sem tal, de facto, ter acontecido, isso veio a concretizar-se a 23 de Maio no ano da Graça de 1884. Nesse dia (ou melhor, nessa tarde e nessa noite), Bordalo Pinheiro reviu definitivamente a sua ideia sobre a duração da viagem.  

Maio de 1884, neste Vale de Andorra Júnior* à beira-mar plantado: irónica crónica de um encontro entre Rafael Bordalo Pinheiro e Jules Verne em Lisboa 1

*Nome pelo qual Rafael Bordalo Pinheiro designa Portugal nos Apontamentos sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Raslib pela Europa (1872) e que pretende exprimir, sobretudo, a sua posição anticlerical e criticar a excessiva influência que a Igreja continuava a ter no Portugal de então. A designação pretende comparar o país com o Principado de Andorra que, na época, era governado simultaneamente por um membro da Igreja e por um governante laico. O autor desta crónica segue o “Acordo Ortográfico Bordaliano” de 1872, e não só, para se referir a Portugal no texto que a seguir se dá a conhecer.


“Quero ser como ele. Nada o detém, segue em todas as direcções (…), tem a intuição do tempo, não precisa de fazer nada a não ser mover-se para trás e para diante” (Jack Kerouac, Pela Estrada Fora, 169).

“Que sentimento é esse que temos quando vamos de carro e nos afastamos das pessoas e elas vão diminuindo de tamanho na planície? É o mundo demasiado grande a pesar-nos, é o adeus. Contudo, curvamo-nos avançando para a próxima louca aventura debaixo do céu” (Jack Kerouac, Pela Estrada Fora, 208).


Acto I – “Começou por me dizer que o seu caso era simples – e que se chamava Rafael …” ou como se passa de oito a oitenta em viagens à volta do mundo

Tanto quanto se sabe não existem grandes afinidades entre o percurso de Rafael Bordalo Pinheiro e de Jules Verne. O primeiro foi um dos mais notáveis e multifacetados artistas portugueses da segunda metade do século dezanove. O segundo, também no mesmo período, foi o expoente máximo de uma escola literária que posteriormente se designou como romance de antecipação científica ou, mais correntemente, como ficção científica. A fama do primeiro ficou circunscrita primordialmente ao mundo português. O nome do segundo não só conquistou o mundo português, como também o mundo inteiro.

Porém, há uma afinidade que ambos parecem partilhar: o tema da viagem, sobretudo, o da viagem à volta do mundo. Talvez fruto de uma fogosidade vivaz própria de um temperamento jovem e irrequieto e da riquíssima herança marítima inscrita em imensas páginas da história nacional, no seu eloquente domínio da cátedra de ironia aplicada, Bordalo Pinheiro antecipa em várias décadas a inquietude, a velocidade e a intensidade vertiginosa que a viagem pode assumir e que encontramos, por exemplo, em Dean Moriarty, personagem de Pela Estrada Fora (1957), o clássico livro de Jack Kerouac.


O Imperador de Raslib (Pedro II do Brasil) ou, simplesmente, Pedro da Pampulha em viagem pelo mundo. Teria ele, tal como Moriarty, a “intuição do tempo”? (Bordalo Pinheiro, 1872).


Não existe qualquer registo de que Jules Verne tenha tido conhecimento dos Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Raslib pela Europa. No entanto, à data em que Bordalo publica os seus Apontamentos, 1872, o escritor francês encontrava-se, seguramente, no mesmo comprimento de onda mental do caricaturista português e debatia-se, também, com o tema da viagem, sobre o qual publicaria no ano seguinte aquela que se tornaria a sua obra mais famosa de sempre.

Dezoito anos mais velho que Bordalo e, por isso, mais circunspecto e ponderado, mais avisado e versado nas prodigiosas conquistas científicas e tecnológicas do século dezanove, Verne não corrobora a duração da viagem do Imperador de Raslib pelo mundo. Com os critérios de rigor científico pelos quais a sua obra ficou conhecida, o escritor afirma categoricamente que o factor tempo da viagem teria que ser multiplicado por dez.


Primeira edição portuguesa (1874) da obra mais famosa de Jules Verne. Como se pode ver, o escritor era alheio ao “síndrome Neal Moriarty”.


É provável que Bordalo Pinheiro tenha tido conhecimento deste facto porque a obra de Verne foi publicada em Portugal, no ano de 1874, pela Empresa Horas Românticas, do seu amigo e futuro editor, David Corazzi. O que até hoje não se conseguiu apurar por falta de fontes credíveis, e trata-se apenas de uma dúvida que palpita na mente do autor destas linhas, é se a conclusão do escritor francês sobre a duração de viagens à volta do mundo, de alguma forma, terá influenciado o caricaturista, um ano depois, primeiro, a criar a figura do Zé Povinho, esse indelével traço de fundo antropológico de identificação de uma nação (Silva, 2007: 238), e, depois, a “apagar” a sua Lanterna Mágica e emigrar durante quatro anos para terras de Veracruz (França, 2005: 8).

No entanto permanece como factual o seguinte: as posições que ambos ostentavam sobre o tema da viagem naqueles anos de 1872 e 1873 iriam sofrer uma surpreendente e radical alteração na década seguinte, fruto de um encontro entre Bordalo Pinheiro e Verne, aquando da segunda visita do escritor francês à capital de Vale de Andorra Júnior. É essa história que propomos contar nos posts seguintes.

Maio de 1884, neste Vale de Andorra Júnior à beira-mar plantado: irónica crónica de um encontro entre Rafael Bordalo Pinheiro e Jules Verne em Lisboa

Este artigo foi escrito no início de Julho deste ano, no seguimento do texto publicado na Verniana, "Once Upon a Time in Lisbon: The Extraordinary Editorial Voyages of Lusitânia Verne (1874-2021)" sobre a história da edição de Jules Verne em Portugal. 

Foi-me pedido que me inspirasse na caricatura que Rafael Bordalo Pinheiro fez sobre a passagem do escritor francês por Lisboa, em Maio de 1884 e que fosse fiel, tanto quanto possível,  ao espírito mordaz do artista português. 


O António Maria, 29 de Maio de 1884. Caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro.

Ainda inédito, o texto é apresentado aqui pela primeira vez. Os acontecimentos históricos nele relatados são absolutamente verídicos. Os argumentos que apresento e as conclusões a que chego após uma "atenta e intensa meditação" sobre a caricatura acima é que nem por isso...

Resumo: Este artigo pretende “reconstituir” as circunstâncias em torno de um histórico encontro entre o artista português, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e o escritor francês Jules Verne (1828-1905) ocorrido em Lisboa, a 23 de Maio de 1884, no Braganza Hotel. Começa-se por demonstrar uma nítida divergência temática presente na obra de ambos sobre a duração de viagens à volta do mundo nos anos de 1872 e 1873 para, em seguida, se provar que, à data do supracitado encontro de 1884, tanto Bordalo como Verne haviam modificado radicalmente a sua posição inicial sobre o tema, o que resultou numa das mais sofisticadas caricaturas do artista português. Termina-se o texto apresentando uma última caricatura de Bordalo com referência a Verne, concluindo-se que esta, possivelmente, poderá ter sido influenciada pelos encantos de uma actriz italiana radicada em Lisboa e por um outro passeio à beira do Tejo que, até hoje, não se tem a plena certeza se terá verdadeiramente ocorrido.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 95: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 13 - Viagem ao Centro da Terra (1987)

 

Jornal da BD 263 - Desenhador: Renato Polese (1924-2014)

("Roubado ao Coleccionador de BD
[https://colecionadordebd.blogspot.com/2014/10/julio-verne-na-bd.html])

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 94: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 12 - Os Violadores do Bloqueio (1987)

Jornal de BD 254-255 - Desenhador: Franco Caprioli (1912-1974)

("Roubado ao Coleccionador de BD
[https://colecionadordebd.blogspot.com/2014/10/julio-verne-na-bd.html])

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 93: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 11 - Miguel Strogoff (1986)

Jornal da BD 193-200 - Desenhador: Franco Caprioli (1912-1974)

("Roubado ao Coleccionador de BD
[https://colecionadordebd.blogspot.com/2014/10/julio-verne-na-bd.html])

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 92: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 10 - A Ilha Misteriosa (1985-1986)

Jornal da BD 169-184 - Desenhador: Franco Caprioli (1912-1974) 
 
O Jornal da BD foi uma revista portuguesa de banda desenhada, parceria entre a Liber e o jornal Expresso/Sojornal (a partir do nº41 foi publicado pelo Sojornal), publicada entre 15 de Abril de 1982 e 20 de Agosto de 1987. Os primeiros dezasseis números tiveram uma periodicidade quinzenal, passando a publicação semanal a partir do nº 17.

("Roubado" ao Coleccionador de BD
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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 91: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 9 - Viagem ao Centro da Terra (1979-1980)

 



Revista Tintin (1979/80) - Desenhador: Fernando Relvas (1954-2017)

A revista Tintin, propriedade da Editorial Íbis e da Livraria Bertrand (a partir do nº 24 propriedade apenas da Bertrand), foi uma revista de banda desenhada portuguesa publicada entre 1968 e 1983. 

("Roubado" ao Blogue da Banda Desenhada
[https://bloguedebd.blogspot.com/2016/12/julio-verne-na-bd-portuguesa.html])

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 90: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 8 - Uma Cidade Flutuante (1956)

 






Revista Cavaleiro Andante 253-280 - Desenhador: Fernando Bento (1910-1996)

("Roubado" ao Blogue da Banda Desenhada
[https://bloguedebd.blogspot.com/2016/12/julio-verne-na-bd-portuguesa.html])

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 89: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 7 - Um Capitão de 15 Anos (1956)

Revista Cavaleiro Andante, 210-226 - Desenhador: Saint D'Amico 

Cavaleiro Andante foi uma revista portuguesa de banda desenhada publicada entre 5 de Janeiro de 1952 e 25 de Agosto de 1962, dirigida por Adolfo Simões Muller (1909-1989).

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Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 88: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 6 - Matias Sandorf (1948)



Revista Diabrete 512-644 - Desenhador: Fernando Bento (1910-1996)

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Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 87: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 5 - A Ilha Misteriosa (1947)

 






Revista Diabrete 417-510 - Desenhador: Fernando Bento (1910-1996)

("Roubado" ao Blogue da Banda Desenhada
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Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 86: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 4 - Robur, o Conquistador (1943)

Revista Diabrete 139-161. Desenhador: Fernando Bento (1910-1996)

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Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 85: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 3 - Miguel Strogoff (1942)

Revista Diabrete 101-138 - Desenhador: Fernando Bento (1910-1996)

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Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 84: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 2 - A Volta ao Mundo em 80 Dias (1942)

Revista Diabrete 76-100 - Desenhador: Fernando Bento (1910-1996)

("Roubado" ao Colecionador de BD
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Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 83: Adaptações Parciais da Obra de JV em BD 1 - Dois Anos de Férias (1941)

Revista Diabrete 33-44 - Desenhador: Fernando Bento (1910-1996) 

A revista Diabrete, propriedade da Empresa Nacional de Publicidade, foi uma revista juvenil publicada em Portugal entre 4 de Janeiro de 1941 e 1951. Foi dirigida por A. Urbano de Castro, até ao nº 19 de 17 de Maio de 1941, e por Adolfo Simões Muller (1909-1989) do nº 20 até ao final. 

("Roubado" ao Colecionador de BD  
[https://colecionadordebd.blogspot.com/2014/10/julio-verne-na-bd.html])

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 82: "Imitadores" Portugueses de JV 2 - A.D. 2230 (1939)

Autor: Amílcar de Mascarenhas

1939, Parceria A.M. Pereira, 1ª edição

Sinopse: No ano de 2230, o Império Português, detentor do raio cósmico "7 Alfa" vence a coligação dos Estados Unidos da América com a Confederação Europeia e conquista o domínio universal. Portugal voltara a ser, com outras características, com outro génio, o Império poderoso que já fôra no remoto século XVI. (Créditos: A. J. Ferreira)

Sobre o autor: Há muito poucas informações que se possam obter sobre Amílcar de Mascarenhas. Por exemplo, sabe-se o seu ano de nascimento, 1895, mas desconhece-se o ano da sua morte. Para além desta obra de ficção científica, escreveu um outro livro, o romance Sacrifício Abençoado, publicado em 1940, de acordo com os dados bibliográficos da Biblioteca Nacional. Não existem mais dados biográficos relevantes sobre o autor. 


1940, Editorial Domingos Barreira


1940, Editorial Domingos Barreira


1940, Editorial Domingos Barreira


1940, Editorial Domingos Barreira

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 81: "Imitadores" Portugueses de JV 1 - Uma Viagem ao Amazonas (1883)

1883, Typographia de Mattos Moreira & Cardosos, 1ª edição

Autor: David Correia Sanches de Frias


  1883, Typographia de Mattos Moreira & Cardosos, 1ª edição


1883, Typographia de Mattos Moreira & Cardosos, 1ª edição


Ao que se sabe, o Visconde Sanches de Frias (1845-1922) foi dos poucos escritores portugueses influenciados por Jules Verne. Com uma obra bastante versátil do ponto de vista literário, hoje em dia, é um autor absolutamente esquecido. No entanto, para quem tiver curiosidade em ler esta raridade, A Viagem ao Amazonas encontra-se disponível em formato digital [https://books.google.pt/books?id=X30CAAAAYAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false].

Informações mais detalhadas sobre este (raríssimo) "Verniano" português podem ser encontradas nesta página da Biblioteca Municipal de Arganil [https://bibliotecas.cm-arganil.pt/patrimonio-concelhio/personalidades-do-concelho/visconde-sanches-de-frias/]

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 80: Verne Apócrifo 2 - Uma Invenção Prodigiosa (1932)*

1932, Editorial Minerva, 1ª edição (Tradução de Freitas da Câmara)


1932, Editorial Minerva, 1ª edição


1932, Editorial Minerva, 1ª edição


1932, Editorial Minerva, 1ª edição


1932, Editorial Minerva, 1ª edição


*O título original é Prodigieuse découverte et ses incalculables conséquences sur les destinées du monde e, até 1966, a autoria foi atribuída erroneamente a Jules Verne. O verdadeiro autor é François-Armand Audoin (1825-1891) e a obra foi publicada em 1867 por Pierre-Jules Hetzel.

Jules Verne - História da Edição Portuguesa em Imagens 79: Verne Apócrifo 1 - O Náufrago do «Cynthia» (1886)*

1886, Typographia das Horas Românticas, 1ª edição (EL) (Tradução de Agostinho Sottomayor)


1886, Typographia das Horas Românticas, 1ª edição (EL)


1890, Companhia Nacional Editora, 2ª edição (GEP)


1890, Companhia Nacional Editora, 2ª edição (GEP)


1926, Aillaud e Bertrand, 2ª edição (GEP)


1926, Aillaud e Bertrand, 2ª edição (GEP)


1927, Aillaud e Bertrand, 3ª edição (GEP)


1927, Aillaud e Bertrand, 3ª edição (GEP)


1956, Bertrand, 4ª edição (GEP)



1958, Bertrand, 6ª edição (GEP)


1971, Bertrand, 1ª edição (Tradução de Agostinho Sottomayor)


1971, Bertrand, 1ª edição


1971, Bertrand, 1ª edição


2003, Editorial RBA, 1ª edição (Tradução de Agostinho Sottomayor)

* A obra foi escrita por André Laurie (pseudónimo de Paschal Grousset) em Maio de 1884. Verne limitou-se a rever o texto. Por motitvos comerciais, Hetzel acrescentou o nome de Verne como co-autor do livro.