sábado, 29 de outubro de 2022

Maio de 1884, neste Vale de Andorra Júnior à beira-mar plantado: irónica crónica de um encontro entre Rafael Bordalo Pinheiro e Jules Verne em Lisboa

Este artigo foi escrito no início de Julho deste ano, no seguimento do texto publicado na Verniana, "Once Upon a Time in Lisbon: The Extraordinary Editorial Voyages of Lusitânia Verne (1874-2021)" sobre a história da edição de Jules Verne em Portugal. 

Foi-me pedido que me inspirasse na caricatura que Rafael Bordalo Pinheiro fez sobre a passagem do escritor francês por Lisboa, em Maio de 1884 e que fosse fiel, tanto quanto possível,  ao espírito mordaz do artista português. 


O António Maria, 29 de Maio de 1884. Caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro.

Ainda inédito, o texto é apresentado aqui pela primeira vez. Os acontecimentos históricos nele relatados são absolutamente verídicos. Os argumentos que apresento e as conclusões a que chego após uma "atenta e intensa meditação" sobre a caricatura acima é que nem por isso...

Resumo: Este artigo pretende “reconstituir” as circunstâncias em torno de um histórico encontro entre o artista português, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e o escritor francês Jules Verne (1828-1905) ocorrido em Lisboa, a 23 de Maio de 1884, no Braganza Hotel. Começa-se por demonstrar uma nítida divergência temática presente na obra de ambos sobre a duração de viagens à volta do mundo nos anos de 1872 e 1873 para, em seguida, se provar que, à data do supracitado encontro de 1884, tanto Bordalo como Verne haviam modificado radicalmente a sua posição inicial sobre o tema, o que resultou numa das mais sofisticadas caricaturas do artista português. Termina-se o texto apresentando uma última caricatura de Bordalo com referência a Verne, concluindo-se que esta, possivelmente, poderá ter sido influenciada pelos encantos de uma actriz italiana radicada em Lisboa e por um outro passeio à beira do Tejo que, até hoje, não se tem a plena certeza se terá verdadeiramente ocorrido.

Sem comentários: