Depois do afastamento precoce, no início da década de 1890 devido a motivos de saúde, de David Corazzi do mundo editorial, coube a Justino Guedes a tarefa de dar continuidade à edição de Jules Verne em Portugal. Se a figura de Corazzi é relativamente bem conhecida, a de Guedes nem tanto.
Justino Guedes nasceu em Minde, concelho de Alcanena, a 23 de Fevereiro de 1852 e em 1861, com nove anos, emigrou para Lisboa, vindo viver para casa de um tio.
Depois de diversos empregos em papelarias e estabelecimentos de litografia, Guedes decide enveredar definitivamente pela actividade empresarial na indústria tipográfica. De espírito inovador e empreendedor, desloca-se ao estrangeiro, onde adquire equipamentos e maquinaria mais moderna e actualiza-se sobre os últimos desenvolvimentos tecnológicos que estavam a ocorrer na área da tipografia.
Em 1873, é responsável pela impressão de O António Maria, o jornal satírico de Rafael Bordalo Pinheiro. A Tipografia Guedes, nome com que designou a sua empresa, vai especializar-se em impressão litográfica, nomeadamente na cromo-litografia (ainda pouco explorada em Portugal naqueles anos), sendo constantemente solicitada para a execução de trabalhos gráficos de grande exigência.
Embora com algumas perdas financeiras nos primeiros anos, fruto de arriscados investimentos, a Tipografia Guedes implanta o seu nome no mercado lisboeta. No início da década de 1880, Justino Guedes apoia o seu irmão, Alfredo Roque Gameiro (1864-1935), detentor de um notável talento para o desenho: em 1883, Gameiro começa a trabalhar como desenhador na Tipografia Guedes e, entre 1884 e 1887, irá frequentar um curso de litografia em Leipzig, após ter conseguido uma bolsa do Ministério das Obras Públicas.
Depois do seu regresso, Roque Gameiro será o responsável máximo pelo departamento gráfico da Companhia Nacional Editora, a sociedade que, em 1888, irá juntar os destinos de Justino Guedes e David Corazzi e editar as obras de Jules Verne na última década do século dezanove.
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