domingo, 7 de maio de 2023

A.J. Ferreira - Como Jules Verne Conquistou Portugal 1 (Nº13, 42 - Julho de 1994)

A 6 de Maio de 2022, António Joaquim Ferreira deixou-nos, aos 97 anos. Quem foi A.J. Ferreira? Era esta pergunta que, na mesma data, fazia para mim mesmo, à medida que ia desfiando o novelo da história das traduções portuguesas de Jules Verne para um artigo que estava a escrever sobre o tema. Só depois de terminar a primeira versão do texto (os últimos meses viriam a confirmar que havia mais elementos à espera de serem desencantados) vim a descobrir alguns dos seus dados biográficos. Embora o nome de Ferreira seja praticamente desconhecido, pertence-lhe o primeiro trabalho detalhado sobre a edição de Jules Verne em Portugal. Quem foi, pois, A. J. Ferreira? Reproduzo o breve texto que o seu editor, José Manuel Vilela, escreveu nas badanas de um dos livro que o autor publicou na chancela Bonecos Rebeldes:

«António Joaquim Ferreira nasceu a 25 de Outubro de 1924, no edifício Serpa Pimentel, em Gouveia. Vem para Lisboa, aos 8 dias de idade, onde vive actualmente. Estudou no Liceu Gil Vicente, à Graça. Profissionalmente exerceu funções, desde 1946, na Direcção-Geral da Aeronáutica Civil, que lhe proporcionou estadias, mais ou menos, prolongadas, em cerca de duas dezenas de cidades em todo mundo. Termina a carreira, em 1984, como funcionário das Nações Unidas. Investigador nas áreas da literatura infanto-juvenil e do cinema tem vasta e importante obra publicada: o JIPI (Jornal Infantil Português Ilustrado), obra de referência, que lista todos os jornais infantis publicados em Portugal desde 1874 até 1975; o Dicionário Emílio Salgari, referenciando todas as edições portuguesas deste autor italiano tão popular em Portugal; o Nº13, mensário, que terminou no nº78, com matérias de investigação na área da literatura popular; e ainda o Era uma Vez, que publicou histórias em quadradinhos "vintage", que atingiu o nº50. Em 1986, com chancela da Cinemateca Portuguesa, é publicado A Fotografia Animada em Portugal, ficando desde logo no IPC [à data o entretanto extinto Instituto Português do Cinema] conhecido, como "as erratas aos livros de Félix Ribeiro". De 1986 a 1989, em seis tomos, publica Animatógrafos de Lisboa e do Porto, que acrescenta mais de cem salas de exibição, só em Lisboa, às então conhecidas. É membro da Sociedade Sherlock-Holmesiana Portuguesa ». 

Outro trabalho de Ferreira é O Cinema Chegou a Portugal, publicado pela primeira em vez, em 1986, em versão policopiada e reeditado, em 2009, pela Bonecos Rebeldes. 



Contudo, foi através de "Como Jules Verne conquistou Portugal", publicado no Nº13, entre Julho e Novembro de 1994, que cheguei a A.J. Ferreira. Este texto já tinha sido publicado neste blogue em versão condensada pelo Frederico Jácome em 2008. Encontrei a versão integral (ainda em forma dactilografada) nas obras que o próprio autor legou à Biblioteca Nacional de Portugal, local que, segundo o seu editor, Ferreira frequentou diariamente (ou quase) durante quinze anos. Tirando um ou outro erro marginal (não por incompetência, mas porque o autor não teve acesso a algumas traduções de Verne que eu consegui encontrar), os factos estão quase todos absolutamente correctos. E mais digno de louvor é constar que Ferreira realizou a sua investigação numa era em que a internet, e os seus inumeráveis recursos de pesquisa, ainda não se tinham materializado na vida quotidiana (segundo percebi o autor realizou a sua investigação em 1991/1992). 
      
Em jeito de homenagem ao primoroso trabalho que Ferreira realizou, o JVernePt disponibiliza a versão completa do texto original para quem tiver curiosidade de o ler.   







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