Volta a cena o Sr. de Chimpanzé, de Júlio Verne, no
Museu de Ciência de Coimbra nos próximos dias 28 e 29 de Janeiro às 21h30.
A entrada é livre.
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Cientistas ao Palco é um projeto, no âmbito da Noite dos Investigadores, uma iniciativa da união europeia, que tem como objetivo aproximar os investigadores/cientistas do público em geral.
Este ano, a proposta portuguesa que envolve quatro cidades portuguesas, Porto, Lisboa, Faro e Coimbra, irá decorrer em simultâneo em várias cidades europeias no dia 25 de Setembro.
Em Coimbra, no
Museu da Ciência da Universidade de Coimbra cuja entrada será livre, cientistas e alguns atores irão a cena com “
Sr. de Chimpanzé” de Júlio Verne.
Verne, enquanto autor teatral, não é muito conhecido da maioria das pessoas. No entanto a sua obra neste campo é algo extensa: 5 dramas históricos, 18 comédias e
vaudevilles, 8 libretos para óperas-cómicas e operetas e 7 peças escritas a partir do conjunto das suas “
Viagens Extraordinárias”. Ou seja, um total de 38 peças.
Sr. de Chimpanzé (“Monsieur de Chimpanzé”), escrita em 1957 com Michel Carré, é uma opereta num ato com libreto de Júlio Verne e música de Aristide Hignard. Foi apresentada pela primeira vez no
Théâtre des Bouffes Parisiens, no dia 17 de Fevereiro de 1858, e enquadrava-se perfeitamente na forma e no espírito das óperas cómicas que na época animavam aquela sala parisiense. Foi a cena 13 vezes em 1858 e 3 vezes em 1859. Publicada no
Bulletin de la Société Jules Verne, número 57, 1981, páginas 13-32. Prólogo e notas de Robert Pourvoyeur.
As personagens desta opereta são o Dr. Van Carcass, conservador do museu de Roterdão, a sua jovem filha Etamine, o jovem pretendente da filha, Isidore, e o criado para todo o serviço Baptiste. O enredo é simples e divertido, bem ao estilo deste tipo de obra: Van Carcass não autoriza o namoro da filha com Isidore. Este, para se encontrar com ela, mete-se na pele do chimpanzé que Van Carcass aguardava no museu. Uma vez lá dentro, da pele e do museu, as situações cómicas provocadas pelo estratagema de Isidore sucedem-se em catadupa.
A distância a que hoje estamos do momento em que a peça foi criada abre uma série de possíveis novas interpretações para determinadas situações que ali sucedem, como por exemplo no que se refere ao parentesco entre o homem e o chimpanzé ou os macacos, ou à relação existente entre patrão e criado que ali sugere uma especiação social que é comicamente acentuada pelas constantes invocações de Baptiste das suas origens aristocráticas espanholas.
Apesar de esta obra ter sido escrita cerca de dois anos antes da publicação de “
A Origem das Espécies” de Charles Darwin, é pouco provável que Júlio Verne tivesse tido na altura conhecimento da teoria da evolução das espécies do naturalista inglês. Isto não nos impede, no entanto, - aliás quase somos compelidos – a apreciar esta peça com as ideias de Darwin a pairar na nossa cabeça.
Poderão dar um salto também ao site
marioneteatro.com que irá ser atualizado à medida que o projeto se for definindo.